sábado, 13 de março de 2010

Que amor é esse???

Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração.
Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.
E ele fará sobressair a tua justiça como a luz; e o teu Juízo, como o meio-dia.
Salmos 37 - 4,5,6.

"Nem tudo que reluz é ouro"... Cuidado para não se enganar com elogios, carinhos, amor, palavras e sentimentos.  Cuidado para não se enganar com o respeito exigido e não dado. Cuidado com tudo que se refere ao AMOR. Pois além de tudo assim como ele te constroi, também lhe mata profundamente. Causam feridas dias doem e dias sangram, mas sempre lhe causam a dor insuportável. Que amor é esse??

terça-feira, 9 de março de 2010

"Pra você guardei o Amor"

Pra voce guardei o amor, Que nunca soube dar O amor que tive
E vi sem me deixar. Sentir Sem conseguir Provar Sem entregar E repartir.
Pra voce guardei O amor que sempre Quis mostrar O amor Que vive Em mim
Vem visitar Sorrir Vem colorir Solar Vem esquentar E permitir.
Quem acolher O que ele Tem e traz Quem entender O que ele diz
No giz do gesto O jeito, pronto Do piscar dos cílios Que o convite
Do silêncio Exibe Em cada olhar.
Guardei Sem ter porque Nem por razão Ou coisa outra Qualquer.
Além De naõ saber Como fazer Pra ter Um jeito Meu De me mostrar.
Achei Vendo em você E explicação, nenhuma Isso requer.
Se o coração Bater forte E arder No fogo O gelo Vai queimar.
Pra você Guardei O amor Que aprendi Vendo os meus pais
O amor Que tive E recebi E hoje posso dar Livre e feliz Céu cheiro e ar
Na cor o que Arco iris Risca ao levitar.
Vou nascer De novo Lápis Edificio Tevere Ponte Desenhar No seu quadril
Meus lábios Beijam Signos Feito Sinos Trilho A infância Teço o berço Do seu lar.
Guardei sem ter porque Nem por razão Ou coisa Outra qualquer Além de não
Saber como fazer Pra ter um jeito Meu de me mostrar Achei Vendo em você
E explicação, nehuma Isso requer Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar.



segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher

A MULHER MADURA
(Afonso Romano de Santana)

"O rosto da mulher madura entrou na moldura dos meus olhos.
De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de um joalheria. A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé.
Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites do seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.
A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe.
O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.
A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.
A adolescente,com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas.
E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.
O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições já se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência, uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos,apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.
Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza.
Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente.
Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.
Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.
A mulher madura está pronta para algo definitivo.
Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e das crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.A mulher madura é um ser luminoso, é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.
Sobretudo o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar."