Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar.
Clarice Lispector
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
O meu filho preferido

Texto: Ana Vieira de Castro
26 Março 2009
Embora os pais digam sempre que gostam de todos os filhos da mesma maneira, isso nem sempre é inteiramente verdade. Não é por mal, mas há razões que só o coração conhece.
Habituados a partilhar o mesmo espaço, as atenções, as brincadeiras e o amor dos pais desde que nasceram, juntos nos testemunhos das crises e alegrias familiares, dia após dia ao longo dos anos, os irmãos são uma forte corrente na teia complexa de afectos que é a família. A forma como gostam e se relacionam uns com os outros depende da maneira como foram amados, das preferências inconfessadas, cumplicidades ou distâncias vividas com o pai e com a mãe, às vezes mais sentidas do que percebidas.
O que é verdade é que esses primeiros anos da infância e a forma como foram vividos afectivamente têm influência na relação entre irmãos e, ainda, na maneira como cada filho sente o amor dos pais, sentimento esse que pode variar muito dentro da mesma família.
Logo que o primeiro filho deixa de ser único, todo o quadro afectivo se transforma, reorganizando-se de forma a tornar irreconhecível o triângulo inicial – pai, mãe e filho – uma situação, aliás, irrepetível. A chegada de um segundo filho tem a vantagem de vir renovar um prazer iniciado, permitindo voltar a viver as satisfações da paternidade, mas agora de uma forma mais confortável e tranquila. Há muitos pais que optam ainda pela vinda de um terceiro, às vezes de um quarto filho, para não falar dos que não resistem às grandes, mas já raras, proles de seis, sete ou mais crianças.
Para muitos, é um prazer e uma segurança verem-se rodeados de filhos, como se a multiplicação lhes permitisse, de alguma maneira, tomar contacto com o milagre da eternidade.
Cada filho é único nas suas características e a relação que os pais têm com ele depende de factos e circunstâncias que escapam ao controlo da consciência. E que têm a ver com o que existe de mais íntimo e essencial em cada um de nós, muitas vezes escondido no fundo escuro das memórias afectivas.
Embora a relação entre uma criança e os pais comece durante a gravidez, é só depois do nascimento que vai evoluir e definir--se. À medida que o bebé cresce, vão surgindo afinidades e diferenças, psíquicas e físicas, com o pai ou com a mãe, numa infinidade de combinações que irão estar na base de uma forte cumplicidade ou, pelo contrário, de uma dura rejeição.
Toda esta questão, que envolve a aproximação e a rejeição, ou um misto das duas, é um processo inerente à maternidade e à paternidade, em que a identificação e a projecção são mecanismos psíquicos involuntários, comuns e naturais em todas as pessoas. Levam-nos de volta à nossa própria infância, fazendo-nos reviver esse passado através dos nossos próprios filhos. Identificamo-nos com eles e neles projectamos muitas das nossas inseguranças, medos, alegrias, desejos.
O movimento global de identificação com os filhos pode desencadear preferências, num processo quase sempre involuntário, pois obedece a impulsos vindos do fundo de nós mesmos. Isso não significa que não provoquem sentimentos dolorosos nas «vítimas» desta injustiça: os filhos preteridos. Dolorosos e incompreensíveis, na maior parte dos casos. Susceptíveis de serem literalmente arrastados pela vida fora, como espinhos cravados no coração
Sou como vc me vê!!!
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!
Clarice Lispector
Sem sentido, Sem vida!!!!!
Que sentimento é este, que louco, que doido, que dolorido. Que sofre, que chora, que lamenta, que machuca, que sangra, que me corroi por dentro... Será solidão? Será unutilidade? O que será? Alguém pode me dizer? Não, ninguém pode me dizer, porque ninguém sabe nem mesma eu sei o que sinto, parece loucura, mas não é. Perco as vezes o sentindo de mim mesma, afinal tudo que faço sempre "não faço mais que a minha obrigação"... Penso em tudo, penso em todos, e quem faz por mim????!!!!!!
Não, as coisas não estão no lugar.
Esse sentimento de inutilidade não é normal.
Sentir-se inútil é algo desesperador.
Menos importante do que um bibelô que enfeita uma sala cheia de badulaques.
Sentir-se inútil como um nada.
Um ninguém.
A solidão que sinto é um assombro.
As veias saltam e eu me encolho como se fosse uma bola de pano.
Não sinto nem vontade de chorar.
Sequer sinto pena de mim mesma.
Porque a solidão me deixou vazia.
As desejos sumiram. Arrumaram as malas e deixaram um vácuo dolorido.
Se é gente, tem que ter desejos.
Mas o que fazer da vida sem desejos?
Não sentir vontade de sair de casa, de chupar uma bala, de comer um chocolate
De namorar, de se enfeitar, de comer, de namorar...
Ainda estou viva?
Estou.
Mas não sirvo mais pra nada.
Me espanto com esse sentimento doído.
É como se fosse um corpo estranho no organismo.
É como uma faca que vai cortando lentamente em pequenas fatias,
E o sangue vai caindo lentamente...gotas de loucura, pequenininhas.
O pedaço de céu que vejo da janela é a unica fonte de vida que me permito
A solidão me afastou de todos, de mim mesma, e estou aqui como se tivesse partido.
Mas ainda nem cheguei.
Será que alguém precisa de mim?
Eu não preciso de ninguém.
Me deixem aqui no meu quarto.
Eu dou conta das minhas paranóias.Eu dou conta do meu viver.
Mesmo sem viver.
Me deixem aqui, vestida nesse maldito penhoar vermelho, olhando esse armário sem puxadores.
Sou inútil.
Não sirvo nem pra chamar o marcineiro.
Pra quê?
Ninguém mora nessa casa mesmo.
Postado por Diario da Fafi às Segunda-feira, Março 17, 2008
Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Clarice Lispector
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
A descoberta do amor
“[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. [...] Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amor. [...] Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é por pudor apenas feminino.
Pois juro que a vida é bonita.”
Clarice Lispector
VOCÊ JÁ FEZ ALGUÉM SENTIR-SE IMPORTANTE HOJE?
Uma das maiores motivações humanas é saber-se importante.
Não me refiro àquela “importância” dos abastados e poderosos. Essa é fútil, porque se impõe pela riqueza ou pelo poder – e acaba quando essas coisas acabam.
Refiro-me à importância imaterial da sua utilidade, do seu valor pessoal, da qualidade da sua essência e da sua existência. Aquela que é construída pelo Ser e não pelo Ter. Essa importância é que é verdadeiramente importante, porque o Ser é perene e o Ter é passageiro.
Em suma, ser importante é ser útil, é saber que ocupa com mérito e direito seu espaço na vida.
O mais maravilhoso de tudo isso, é que cada um nós pode fazer alguém sentir-se importante. Todo dia. Várias vezes ao dia. Basta reconhecermos e declararmos explicitamente seu valor e sua importância para nós.
O mundo anda cheio de pessoas carentes e ressentidas porque as outras se esquecem dessa ação singela de deixar que elas ouçam ou percebam como são ou foram importantes para nós, num determinado momento.
Lembra-se de como foi importante aquele sujeito que lhe ensinou uma direção segura, quando você estava perdido numa rua desconhecida? Ou aquele que, sem conhecê-lo, emprestou-lhe um dinheiro – ainda que muito pouco – o suficiente para completar a conta do supermercado, do ingresso do cinema ou da passagem do ônibus? E o que dizer daquela senhora desconhecida que o amparou e providenciou um copo d’água quando você sentiu-se mal na fila?
Nessas e em muitas outras ocasiões, a gente costuma dizer um rápido “muito obrigado”, para logo em seguida esquecer a importância e a beleza daquele ato voluntário, o qual certamente mereceria um agradecimento menos automático e muito mais caloroso, mais humano. Aquelas – e muitas outras - são pessoas que, embora tenham sido importantes, passam pela nossa vida sem maiores registros afetivos e logo são esquecidas.
No entanto, é muito mais fácil lembrar daquelas que fazem o oposto, que o desqualificam ou o ignoram, em ações opostas à arte de fazer o outro sentir-se importante. E isso acontece com freqüência porque, ironicamente, a crítica flui com muito mais facilidade da boca humana do que o elogio – e assim as pessoas vão deixando de se sentirem importantes.
No mundo corporativo, os gestores têm às mãos uma ótima oportunidade de fazer cada membro de suas equipes sentir-se importante: é durante o chamado “feedback”, ocasião em que é manifestada sua opinião sobre o desempenho do colega.
O “feedback” não foi criado para ser um instrumento de crítica e desqualificação. É justamente o contrário: deve ser uma oportunidade para identificar as competências que devem ser aperfeiçoadas. Mas, sobretudo, deve ser um instrumento para reconhecer e expressar a importância daquela pessoa na equipe – porque se não o fosse, não deveria estar na equipe. Se está, é porque é importante, ainda que precise desenvolver algumas habilidades ou conhecimentos.
Como “feedback” não tem dia nem hora para ser dado, isso significa que qualquer gestor pode fazer com que, frequentemente, qualquer membro da sua equipe se sinta importante – de preferência todo dia. Bastam algumas poucas palavras. Ou, às vezes, um pequeno gesto.
Eu não tenho a menor dúvida de que cada leitor tem um monte de gente importante à sua volta - em casa ou no trabalho. A questão é: eles sabem disso? Você já lhes disse?
Se você fizer a sua parte, você também vai se tornar muito importante para alguém. E ao sentir como isso é gratificante, você certamente vai querer compartilhar esse sentimento e fazer com que outros sintam a mesma coisa. Chame a isso de “efeito dominó” ou “bola de neve”. Não importa o nome, importa a ação.
Talvez a origem fundamental desse sentimento de prazer ao nos percebermos importantes, esteja na consciência definitiva de que, em resumo, importante é aquele que cumpre com dignidade a sua Missão.
Texto de F.S.
Ser importante na vida de alguém
Quando é que que somos realmente importantes na vida de alguém? É só quando desvanecemos? Ou quando fazemos sofrer uma pessoa e ela num ato de reflexo inerente á natureza humana se defende, e se dirige a nós? Tenho sérias dúvidas que tudo não passe de uma falácia, inventada por mentes desocupadas da rotina de um qualquer ser comum.
Na verdade, nem todos nos julgamos amados nesta vida, ainda mais verdade é, quando nós próprios nos transformamos num óbice na vida de alguém, aí passamos de vísivel incómodo, a seres insensíveis, num ápice, sem olhos para uma clara impertinência que julgamos até então, tão natural como outra coisa qualquer.
Ser importante é estar presente, não sei no entanto se será assim uma verdade tão grande que nos permita universalizar tamanho adágio, embora o fato de estarmos fisicamente perto de alguém nos leve a estar ao mesmo tempo próximos da tentação de ser amados e amar, ou ser odiados e odiar. É então um risco que decidimos correr, se formos demasiado atentos á natureza humana e por isso sensíveis, fazemos de tudo para que o sofrimento saia do dicionário de uma qualquer relação, senão, estamos sujeitos a ver-nos enredados numa teia, que nos aprisiona ao medo de uma avaliação constante por parte de outrém que nos irá julgar ao milímetro na sua escala de importância. A solução é simples, senão vejamos, será assim tão obstinado sermos importantes para alguém, de tal forma que nos leve a viver na obsessão de o sermos, sem que para isso tenhamos certeza que realmente é isso que nos irá fazer feliz numa qualquer e vulgar relação?
Ou então porque é que não se vive sem o peso da responsabilidade de tentar ter uma posição naturalmente conquistada na vida desse alguém sem que para isso se precise de fazer o que quer que seja, para além de se viver a vida?
Não ter que estar preso ao olhar de ninguém a não ser ao nosso próprio reflexo, enquanto seres livres que somos, eis a solução.
Publicada por Go em 1:45 AM
Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever
Clarice Lispector
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Sabemos sempre quem nos fere, mas nem sempre sabemos a quem ferimos.
Eu já começara a adivinhar que ele me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Clarice Lispector
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. (...) Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.(...)
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Carlos Drumond de Andrade
O Valor das coisas!!
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis
Fernando Pessoa
Só sabemos o valor que uma pessoa tem na nossa vida quando nos imaginamos longe dela.
Só sabemos o valor de uma mensagem, quando esperamos por ela e ela parece que nunca chega.
Só sabemos o valor de um olhar, de um sorriso, quando deixamos de recebê-los.
Só sabemos o valor de um amor, quando sentimos o nosso coração vazio.
Só sabemos o valor de um sonho, quando percebemos que é impossível torná-lo realidade.
Há coisas que se perdem nem sabemos bem porquê! Quando as perdemos reconhecemos finalmente o valor que tinham na nossa vida.
Por isso devemos aproveitar a cada minuto as pessoas que amamos, as mensagens que recebemos, os olhares, os sorrisos, o nosso amor, os nossos sonhos, e, principalmente, viver e dar valor à vida.
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